Não concordo com o encerramento da linha ferroviária do Vouga, carreira que é (ou era?) carinhosamente alcunhada de "Vouguinha" pelas gentes feirenses e não só.
Inaugurada no início do século XX, com uma extensão inicial de 140 km, de Espinho a Viseu, a linha do Vouga chegou ao presente com um trajecto de 60 km, entre Espinho e Sernada do Vouga (concelho de Águeda), tendo transportado no ano de 2010, 610 mil passageiros, com a CP, no entanto, a ter prejuízo com a linha no valor de alguns milhões, sendo esses mesmos prejuízos o motivo para se encerrar a linha, mesmo que esta seja uma gota no mar de prejuízos de 2010 da CP, 195 milhões de euros, e uma gota no oceano da dívida sua dívida, que tem o valor actual de 3 796 000 000 (ver link).
Mas o problema é mais profundo do que "simples" dívidas e passivos. O problema é de falta de estratégia, falta de visão, de favorecimento de políticas de betão, do incentivo ao consumo desmesurado do automóvel e à sua cultura inerente.
O Vouguinha poderia ser uma alternativa aos milhares de carros que entopem diariamente de manhã e ao fim da tarde a N227 no troço Feira - São João da Madeira, podia ser uma alternativa à linha do Norto entre Ovar e Aveiro, podia ser ao fim-de-semana uma óptima fonte de turistas. Podia ser muita coisa.
Mas não é, sobretudo devido à visão e ao interesse no transporte rodoviário, que vem crescendo exponencialmente, em detrimento da rede ferroviária que tem vindo a diminuir desde o governo de Cavaco, resultado de políticas e estratégias concentradas unicamente no transporte individual, a longo prazo mais caro e muito menos sustentável.
As Auto-estradas, SCUTS e ex-Scuts que proliferam o litoral são importantes, mas já são em demasia, ainda por cima quando há alternativas como os caminhos de ferro.
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